As cinco leis de Ranganathan

18:29

Como alguns de vocês sabem e muitos outros não, eu sou quase uma bibliotecária, estou já no final do curso e nesse caminho para me tornar uma profissional da informação eu li muitos textos da área, mas um se destaca como o que eu mais achei interessante e mais aplico a minha vida. Sim, as cinco leis de Ranganathan embora tenham sido criadas para a biblioteconomia servem para a vida também. Mas primeiro de tudo quem foi Ranganathan?
Ele foi um matemático e bibliotecário indiano do século XIX que escreveu muitos artigos e obras para a área da biblioteconomia, suas maiores contribuições para a área foram:  três níveis distintos em que trabalham os classificacionistas (que elaboram sistemas de classificação) e os classificadores, o plano da idéia (nível das ideias, conceitos), o plano verbal (nível do léxico, da expressão verbal dos conceitos) e o plano notacional ou formal (nível de fixação dos conceitos em formas abstratas); abordagem analítico-sintética para a identificação dos assuntos e o estabelecimento de dezoito princípios que podem ser considerados como um instrumento para avaliação de sistemas de classificação. 
Mas além dessas três contribuições mais significativas dele, ele também criou "As cinco leis da biblioteconomia" que foram publicadas em 1931 e são também conhecidas como "As cinco leis de Ranganathan".

"Aponta para o livro como um meio e não como tendo um fim em si mesmo. Em relação as bibliotecas de nada adianta tê-las cheias de livros senão se dá o acesso a informação." Na biblioteconomia essa lei se refere a bibliotecas que possuem um acervo incrível, mas com acesso restrito a tudo. De que adianta você ter uma biblioteca repleta de livros se ninguém tem acesso a ela? 
Toda aquela informação sem nenhum usuário é um pecado. Livros foram feitos para serem lidos e não para ficarem parados juntando poeira na estante. Estamos vivendo uma fase muito boa, apaixonados por livros estão por toda parte montando suas bibliotecas em casa e isso é muito legal, mas também observo que são livros que nunca são emprestados, embrulhados em papel filme (que por sinal faz muito mal pro livro, não façam isso pessoas) e nunca mais abertos. Eu sei que emprestar livros é difícil, sempre existe a possibilidade dele não voltar da mesma forma que foi, mas ele vai estar desempenhando o papel dele que é ser lido e você vai estar desempenhando um papel importantíssimo que é incentivar alguém a ler. 
Um livro não lido é triste, tive que aprender a me desapegar dos meus, confesso que não gosto muito de emprestar livros para qualquer pessoa e por isso escolho a dedo os amigos para quem empresto e já é um começo. Não precisa emprestar para estranhos na rua e nem emprestar aquela edição que é muito especial para você ou foi absurdamente cara, mas o livro sempre é mais feliz quando está nas mãos de alguém sendo lido. 


"O bibliotecário deve fazer o estudo dos usuários para preparar o acervo. Aponta para a seleção de acordo com o perfil do usuário." Ou seja, temos que conhecer nosso público para montar um acervo que o usuário necessita e deseja.
Essa lei é a que eu acho que mais mudou o meu modo de pensar, saindo um pouco da biblioteconomia e do que o bibliotecário faz, o que podemos aprender com ela é que existe um livro para cada tipo de leitor e não existe isso de ser um leitor superior por ler determinado tipo de livro.
Você gosta de infanto-juvenil? LEIA! Gosta de literatura clássica? LEIA! Gosta de ficção científica? LEIA! Gosta de romances de época de 900 páginas? LEIA! Gosta de livros infantis de vinte páginas? LEIA! Gosta de romances de banca? LEIAAAAAAAA!!! 
TODO LIVRO TEM SEU LEITOR e não cabe a ninguém julgar o coleguinha pelos gostos literários dele. Sério gente, que coisa mais feia ficar julgando as pessoas pelos livros que elas gostam de ler. Eu tô cansada de ouvir gente falando mal dos gostos dos outros, fazendo uma pessoa se sentir mal por gostar de YA, por ler distopias adolescentes, por ler histórias fantásticas, que idiotice.

"Aponta para a importância da divulgação do livro, sua disseminação, antecipando a estética da recepção."
É o trabalho do bibliotecário divulgar o seu acervo para o usuário, disseminar a informação. E para quem não é bibliotecário e sente a necessidade de falar das coisas que gosta? Está mais do que certo. O mundo literário é vasto e cada livro precisa ser lido e cada um tem o seu leitor. Então nada mais justo do que fazer com que a informação chegue as pessoas, que cada livro chegue ao seu leitor. 
"A arrumação e catalogação dos documentos diminui o tempo necessário para encontrar a informação desejada. Aponta para o livre acesso às estantes, o serviço de referência e a simplificação dos processos técnicos." Para a biblioteconomia poupar o tempo do leitor é organizar a informação de tal forma que ela possa ser recuperada o mais rápido possível, mas essa lei também serve para o dia a dia. Ser prolixo nunca é legal, vamos sintetizar o nosso pensamento e não ficar enrolando para falar as coisas. 
"Decorre da explosão bibliográfica que exige atualização das coleções e previsão do crescimento da área ocupada pela biblioteca." 
Uma biblioteca nunca para de crescer, sempre está se atualizando, adicionando novos títulos ao seus acervo. Igual as pessoas, nunca paramos de evoluir, estamos sempre buscando mais informações, sempre crescendo. 

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2 comentários

  1. Olá Olive!
    Gostei muito da postagem, nunca tinha ouvido falar de Ranganathan e sua leis, mas confesso que gostei bastante dos pensamentos disseminados por ele, principalmente a segunda e a terceira, pois concordo plenamente que a diversidade e o repeito pelo gosto literário do próximo só trazem benefícios pessoais e sociais. Biblioteconomia é uma área que me interesso muito e encontrar um post assim só aumenta a vontade de conhecer mais ainda essa área.
    Abraços!
    Inania Verba

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    1. Ai Marisa, que lindo seu comentário e fico feliz de saber que você se interessa por biblioteconomia, é uma área de trabalho e pesquisa muito linda *.*

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